Você sabe diferencia Refluxo Fisiológico de doença do refluxo ?
Nesse artigo eu te explico as características particulares de cada um deles e ao final você saberá diferenciar. Te convido a ler ate o final.
O refluxo fisiológico é extremamente comum em bebês, afetando quase todos em algum momento nos primeiros meses de vida. É considerado uma parte normal do desenvolvimento infantil, geralmente sem causar maiores preocupações.
A principal causa do refluxo fisiológico é a imaturidade do esfíncter esofágico inferior (EEI). Este músculo atua como uma válvula entre o esôfago e o estômago, e quando ainda não está totalmente desenvolvido, permite que o conteúdo do estômago retorne ao esôfago mais facilmente.
Bebês com refluxo fisiológico podem regurgitar (cuspir) pequenas quantidades de leite com frequência após as mamadas. No entanto, eles geralmente não mostram sinais de desconforto significativo, como choro excessivo ou irritabilidade.
Exemplo: Um bebê pode cuspir um pouco de leite após cada mamada, mas continua feliz, ganhando peso normalmente e dormindo bem. Nós os chamamos de regurgitador feliz.
O refluxo fisiológico não interfere no ganho de peso adequado ou no desenvolvimento geral do bebê. Eles continuam a se alimentar bem e a crescer conforme o esperado.
Ele geralmente melhora com o tempo, à medida que o esfíncter amadurece e o bebê passa mais tempo na posição vertical, o que ajuda a reduzir a frequência do refluxo.
Dica: Manter o bebê na posição vertical por cerca de 20-30 minutos após a alimentação pode ajudar a minimizar o refluxo.
A maioria dos casos de refluxo fisiológico resolve-se naturalmente entre 12 e 18 meses de idade, sem necessidade de intervenção médica.
Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
A DRGE é uma condição mais séria em que o refluxo causa sintomas mais graves e/ou complicações clínicas que interferem significativamente na saúde e bem-estar do bebê. Nela além da imaturidade do esfincter, outros fatores podem contribuir para a DRGE, incluindo:
Hérnia de Hiato: Uma condição em que parte do estômago se projeta para cima através do diafragma.
Hipersensibilidade Ácida: Uma maior sensibilidade do esôfago ao ácido, causando mais dor e desconforto.
Anomalias Anatômicas: Problemas estruturais no trato gastrointestinal superior.
Histórico Familiar: Predisposição genética à DRGE.
Bebês com DRGE podem apresentar desconforto significativo, choro excessivo, ou agitação durante ou após as mamadas. Eles podem arquear as costas ou mostrar sinais de dor. Recusa alimentar ou problemas durante a alimentação são comuns devido à dor associada ao refluxo ácido. O bebê pode chorar e se afastar do peito ou da mamadeira. Oque pouca gente sabe é que o refluxo pode estar associado a sintomas respiratórios, explico, o refluxo ácido pode irritar as vias aéreas, levando a:
Tosse Crônica: Uma tosse persistente que não está relacionada a uma infecção.
Chiado no Peito: Um som sibilante durante a respiração.
Infecções Respiratórias Recorrentes: Como pneumonia ou bronquiolite.
Falta de ganho de peso adequado ou até mesmo perda de peso pode ser um sinal de DRGE, exigindo intervenção médica para garantir que o bebê receba nutrição suficiente.
– Outros Sintomas:
– Soluços Frequentes: Soluços persistentes que não estão relacionados à alimentação.
– Problemas de Sono: Dificuldade em dormir devido ao desconforto do refluxo.
– Regurgitação com Sangue: Em casos graves, o refluxo pode conter sangue devido à irritação do esôfago.
O tratamento da DRGE é feito com mudanças no estilo de vida, onde os pais devem estar muito atentos a postura que manterão esse bebe, ele deve permanecer a maior parte do tempo elevado, na hora de dormir, adotar um ângulo de 30 graus no berço, e não deve ser chacoalhado.
– Alimentação em Menores Volumes: Oferecer mamadas menores e mais frequentes.
– Posição Vertical: Manter o bebê na posição vertical por 20-30 minutos após a alimentação, mesmo que ele arrote, devera cumprir os 30 min na posição antes de ser transferido para o berço
– Espessamento do Leite: Adicionar um espessante ao leite materno ou fórmula espessada para ajudar a reduzir o refluxo (sempre sob orientação médica).
E por fim as medicações, infelizmente não dispomos de muitos recursos farmacológicos para nos auxiliar nessa doença, por isso ela se torna tao desafiadora.
– Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs): Medicamentos que reduzem a produção de ácido no estômago.
– Exemplo: Omeprazol, lansoprazol.
– **Antagonistas dos Receptores H2**: Medicamentos que também reduzem a produção de ácido.
– Exemplo: Famotidina
– citoprotetor de mucosas: liga-se às proteínas de cargas positivas através da formação de um gel que adere à mucosa gástrica e duodenal, proporcionando uma proteção uniforme contra o ataque ácido, a pepsina e os sais biliares.
Exemplo: sucralfato
– **Cirurgia**: Em casos raros e severos, a cirurgia pode ser necessária para fortalecer o EEI.
É crucial que o bebê com DRGE tenha acompanhamento contínuo com um pediatra ou gastroenterologista pediátrico para monitorar a eficácia do tratamento e ajustar conforme necessário.